Abiclor

Mobilidade elétrica abre oportunidades para as indústrias de cloro-álcalis

De acordo com Lina Suarez, analista de Mercado Químico pela OPIS, da Dow Jones Company, a eletrificação dos veículos será um dos principais propulsores de crescimento para a demanda de soda cáustica, produzida pelas indústrias do setor de cloro-álcalis. Isso porque esse produto é utilizado em toda a cadeia de produção do lítio, desde a etapa de mineração, processamento, produção e até o de reciclagem. As informações foram apresentadas durante palestra realizada no 12º Seminário Técnico da Clorosur e Table Top Expo & Safety Workshop 2022, maior evento do setor da América Latina, promovido pela Clorosur.

Projeções da consultoria mostram que a demanda relacionada aos setores automotivo e de transportes, de eletrônicos portáteis e de armazenamento de energia pode dobrar até 2025.

O lítio se tornou o principal metal utilizado para a produção de baterias no mundo devido às suas características físico-químicas. É o metal mais leve e menos denso entre todos os metais usados para a produção de baterias, tem o maior potencial eletroquímico e fornece a maior densidade de energia por peso. Outros pontos que destacam o lítio como o principal metal para uso em baterias é sua capacidade de recarregar e a de não ter memória, ou seja, não ficar ‘viciada’. Para se ter uma ideia, atualmente, cerca de 70% a 80% de todo o lítio produzido no mundo é destinado à produção de baterias e a demanda pelos produtos do setor de cloro-álcalis deverá acompanhar o crescimento desse setor.

O diretor técnico da Abiclor, Airton Andrade, explica que o lítio raramente é encontrado em sua forma pura, estando comumente presente em minas de sais, como as de cloreto de sódio. Para a sua extração, existem diversos métodos, desde os mais convencionais até alguns mais modernos. “Mas, basicamente, o processo de extração do lítio é realizado a partir da transformação desses sais em salmoura. Posteriormente, realiza-se o tratamento dessa solução utilizando-se a soda cáustica e o ácido clorídrico para separar os contaminantes”, explica Andrade.

A crescente demanda por soluções mais sustentáveis e menos poluentes está levando muitos países a estabelecer um prazo limite para a produção de veículos a combustão. Na Inglaterra, por exemplo, a fabricação de carros que utilizam combustíveis fósseis deverá se encerrar em 2030, sendo que na União Européia o deadline é 2035. A mobilidade elétrica – ou seja, os veículos movidos a eletricidade, está entre as principais apostas para um futuro mais limpo no setor de transportes. E o crescimento desse mercado deverá fazer com que a demanda por lítio aumente em até 40 vezes até o ano de 2040, conforme dados de um relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia (IEA).

O mercado de baterias está em uma fase de crescimento acelerado. Previsões da Benchmark Mineral Intelligence sinalizam que a capacidade de produção global de baterias de íons de lítio pode crescer para mais de 6 terawatt-hora (ou seja, 6.000 GWh) até 2030. Além da transição energética do setor de combustíveis, o armazenamento de energia em larga escala também é visto como uma solução para a descarbonização do setor elétrico, já que resolve o problema da intermitência das fontes renováveis de energia. Considerando-se os esforços necessários para o combate ao aquecimento global, a importância de uma indústria cloro-álcalis de base, robusta e preparada para estruturar o avanço da agenda climática, é fator fundamental.

Para acompanhar esse crescimento da demanda mundial por lítio, em julho de 2022, o Brasil publicou o Decreto 11.120/2022 que libera a exportação e a importação de lítio e de seus derivados, sem autorização prévia, conforme publicação do site do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Antes desse decreto, a comercialização desse mineral dependia da aprovação de órgãos do Estado, como a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Segundo estudos do SGB-CPRM, “o lítio é um mineral estratégico para o país, que deverá crescer em importância nas próximas décadas por se tratar de matéria-prima de produtos de alta tecnologia” e tem potencial para viabilizar mais de R$ 15 bilhões em investimentos na produção do minério até 2030, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME).