Abiclor

Setor do cloro é pressionado por energia cara e demanda menor

Pressionado por um lado pela retração da demanda por parte das indústrias que consomem o produto e do outro pelas altas recentes da energia elétrica e dos insumos, o setor de cloro e soda vê suas margens pressionadas, conforme reportagem do jornal DCI..

Por serem muito dependentes de eletricidade, os produtores de cloro e soda cáustica sofreram o impacto direto do aumento de mais de 49% das tarifas entre janeiro e outubro deste ano, afirma o presidente da Abiclor, Aníbal do Vale. Para ele, uma alta em níveis tão elevados não era de forma nenhuma esperada pelas empresas e criou um fator adicional de preocupação para uma indústria que já tinha competitividade baixa.

Os gastos com energia representam algo em torno de 45% dos custos totais de uma fabricante do setor. Os outros 55% são distribuídos entre as matérias-primas utilizadas, principalmente o sal marinho e o gás natural.

De acordo com pesquisa publicada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a própria situação dos portos brasileiros afeta a competitividade do cloro e da soda cáustica no País, uma vez que o transporte da matéria-prima é realizado principalmente pelo sistema de navegação de cabotagem.

A produção e as vendas totais de cloro, insumo importante usados na produção de PVC, celulose e alumínio, caíram 4,8% e 0,9%, respectivamente entre janeiro e setembro de 2015 na comparação com o mesmo período do ano passado. O consumo aparente, que aponta para o total do produto utilizado, recuou 1,1% na mesma base de comparação. A comercialização de soda cáustica, por sua vez, teve uma leve alta, de 0,6%, mas a produção registrou uma queda de 1,2%.

A perspectiva só fica mais animadora no longo prazo com a entrada em operação das plantas de PVC que deverão atender ao Plano Nacional de Saneamento Básico, aprovado em 2013. A portaria estabeleceu diretrizes, metas e ações para serem tomadas no âmbito do abastecimento e da pureza da água oferecida, o que pode levar à duplicação da capacidade instalada de tubos de PVC até 2033.

Com o enfraquecimento da moeda brasileira, a importação de cloro recuou 36,8% entre janeiro e setembro ante 2014. A entrada de soda cáustica no País, por sua vez, recuou 24,5% na mesma comparação.

A desvalorização do real, no entanto, ainda não foi capaz de reverter o cenário da balança comercial do setor, aponta Aníbal do Vale, o presidente da Abiclor. Ele avalia que competir com os Estados Unidos, principal concorrente mundial nesse mercado, fica cada vez mais difícil diante da redução dos custos de extração do gás de xisto, que pode ser usado como insumo para a fabricação de cloro.

No segmento de soda cáustica, a importação é mais abundante porque as maiores fabricantes de alumínio que utilizam a matéria-prima ficam localizadas nas regiões Norte e Nordeste, muito próximas do território norte-americano. Além disso, do Vale explica que a soda líquida internacional é vendida no Brasil há muito tempo porque a indústria local não produz o suficiente para atender à demanda pelo produto no País.

Fonte: DCI 

11/11/2015