Abiclor

Fabricantes acreditam que pior já passou

Por Stella Fontes | De São Paulo

Castro, presidente da Abiclor: “Parece que o fundo do poço ficou para trás”

Embora a expectativa para 2016 não seja positiva, a percepção na indústria de cloro-soda é a de que o pior da crise pode ter ficado para trás. Até dezembro, é improvável que o nível de produção de cloro e soda cáustica, usados como insumos em outras indústrias, se equipare ao verificado em 2015. Mas o desempenho no segundo semestre, de acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), Alexandre de Castro, tem dado sinais de estabilização. “Parece que o fundo do poço ficou para trás, embora o momento ainda seja de cautela”, afirma.

Até por conta da base de comparação deprimida e por efeito de recomposição de estoques, diz o executivo, é provável que os números de produção na segunda metade do ano sejam mais fortes. Ainda assim, a melhora não deve ser suficiente para zerar as perdas do ano. “2016 ainda será negativo. Os sinais são de que há volta ao crescimento em 2017”, afirma Castro.

No acumulado do ano até julho, a produção de cloro caiu 6,4%, a 688,4 mil toneladas. Já em soda cáustica, o recuo foi de 6,7%, para 755,6 mil toneladas. Com isso, a taxa de utilização da capacidade instalada ficou em 77,4%, frente a 83,1% no mesmo intervalo de 2015 e a 87% da média histórica do setor. Essa taxa flutua em razão de paradas nas fábricas e, especificamente no primeiro semestre, contribuiu para redução do índice a interrupção não programada em uma grande fábrica paulista.

No segmento de cloro, além dessa parada, o encolhimento do mercado de PVC (usado na construção civil) pesou no nível de produção. De acordo com a Abiclor, o uso cativo de cloro (uso do insumo pela própria indústria, para obtenção de outros produtos, como o dicloro etano usado na produção de PVC) caiu 4,8% entre janeiro e julho, para 607,9 mil toneladas, enquanto as vendas recuaram 12,9%, a 82,2 mil toneladas.

Em soda cáustica, a demanda permanece estável, com queda em determinados segmentos consumidores compensada pelos investimentos em novas fábricas de celulose – que usa o insumo em seu processo produtivo. Porém a soda, que é um subproduto, só pode ser obtida se houver produção de cloro. Para este ano, a expectativa é a de que o consumo doméstico de soda repita 2015, com crescimento de 2% no próximo ano. Em 2018, a partir do início de operação de uma nova fábrica de celulose da Fibria, a alta pode chegar a 3,5%.

De janeiro a julho, as vendas internas de soda cáustica caíram 6%, para 658,7 mil toneladas, enquanto as importações recuaram 22,1%, para 448,1 mil toneladas. No intervalo, o consumo aparente teve retração de 12,9%, para 1,2 milhão de toneladas. “Esse está sendo um ano difícil para a indústria de cloro e soda, mas esperamos que o mercado ensaie uma retomada até o fim do ano e a taxa de utilização da capacidade instalada volte a mostrar recuperação”, afirma Castro.

Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/4715197/fabricantes-acreditam-que-pior-ja-passou