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Programa detecta locais com caixas d’água e piscinas que podem servir de criadouros para o Aedes

Um programa de computador capaz de detectar caixas d’água instaladas em coberturas e piscinas particulares por meio de imagens digitais pode ser um grande aliado dos agentes de saúde contra o Aedes. Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo utilizaram o software para identificar e classificar essas áreas, visando tornar mais assertivas as visitas de inspeção. 

Foram utilizados drones na cidade de Campinas para captar as imagens que, depois, passaram por algoritmos capazes de detectar as piscinas e caixas d’água. O modelo de detecção de objetos já havia sido testado em Belo Horizonte e foi aprimorado com a técnica de aprendizagem por transferência, permitindo identificar os locais com menos amostras e mais eficácia.

A pesquisa concluiu que regiões com baixo nível socioeconômico tinham mais caixas d’água expostas, enquanto lugares com alto nível tinham mais piscinas expostas. Com essas informações, é possível detectar alvos específicos para o controle das doenças causadas pelo mosquito – como dengue, zika e chikungunya –, otimizando os programas de controle e vigilância, que poderão criar planos de enfrentamento mais elaborados.

Como áreas de baixo nível socioeconômico costumam ser mais propensas ao Aedes, investir mais recursos humanos e financeiros pode ser uma boa estratégia para combater o mosquito. Geralmente, a classificação desses lugares é feita com base nos dados do censo demográfico, que, no Brasil, é realizado a cada dez anos. Com a ajuda das imagens digitais, esse processo seria facilitado. 

Com o programa, é possível organizar estratégias que priorizem propriedades-chaves – ou seja, lugares com muitos potenciais criadouros de formas imaturas do Aedes, como pneus, latas, garrafas e demais objetos que retêm água –, ou ações com foco em grandes criadouros, como as próprias caixas d’água e piscinas. 

Também existe a possibilidade de ampliar esse trabalho para a detecção de telhas de amianto ou classificação do tipo de telhado. Uma das possíveis desvantagens dessa tarefa é que esses objetos não são bem delineados. Assim, mesmo se utilizadas imagens de alta resolução, a detecção não deve ser muito precisa.

Agora, os pesquisadores desejam aprofundar as investigações sobre a relação entre infestações de mosquitos e níveis socioeconômicos. O intuito será avaliar a relação entre uso e ocupação do solo, incluindo a presença de caixas d’água e piscinas. A pesquisa já começou a ser desenvolvida, com previsão de publicação ainda em 2022. 

Fonte: Plos One