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Energia solar avança entre as companhias de saneamento

Além da economia nos gastos com energia elétrica, as iniciativas contribuem para a redução das emissões de gases do efeito estufa

A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a maior consumidora de energia elétrica do estado de Pernambuco, deu início a um processo de licitação para a contratação de uma Parceria Público-Privada (PPP) para construção de uma usina solar com capacidade de geração de 135 megawatts (MW). O objetivo é atender 65 unidades consumidoras, entre Estações de Tratamento e estações elevatórias de alta e média tensão da Compesa, o que poderá proporcionar uma economia de 37% nas contas de energia.

O modelo de operação será o de mercado livre, em que o consumidor de grandes volumes tem a possibilidade de escolher de qual geradora deseja adquirir a energia. Então, A Compesa ficará obrigada a comprar energia da empresa vencedora da licitação por 29 anos, com preço que poderá significar economia total de até R$ 1 bilhão, na comparação com os gastos atuais da conta de luz.

Esse modelo de negócio para viabilizar grandes usinas de energia solar para companhias de saneamento é inédito no País, mas a iniciativa de optar pelos sistemas fotovoltaicos já estava presente em diversas outras companhias e até na própria Compesa. Outras quatro unidades de porte muito menor – totalizando 13,1 MW – estão em construção no município de Flores (390 Km de Recife) e nas barragens de Duas Unas, Pirapama e Tapacurá.

Todos em busca no sol

Pelo menos seis grandes companhias de saneamento básico já contam com sistemas fotovoltaicos em parte de suas instalações, desde escritórios administrativos e unidades de atendimento ao consumidor, até Estações de Tratamento e estações elevatórias.

Em janeiro de 2021, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) deu início a um programa de construção de 33 usinas de energia solar para atender Estações de Tratamento de Água (ETA), em todo o estado. Somadas, as unidades alcançam 73 MW de potência instalada e vão suprir cerca de 60% do consumo de baixa tensão da companhia. Para financiar o projeto, a Sabesp recorreu a recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) venceu o 2º Prêmio Inovainfra 2021, com o projeto “Usina solar fotovoltaica no reservatório do Passaúna: energia renovável, inovação e sustentabilidade a serviço do saneamento ambiental”. A usina foi inaugurada em 2019 e conta com 396 módulos fotovoltaicos, instalados em estruturas flutuantes sobre o lago do reservatório Passaúna, uma forma de gerar energia elétrica aproveitando área ociosa.

Também na Região Sul do País, a Companhia Rio-grandense de Saneamento (Corsan) deu início à instalação de 675 placas de energia solar, totalizando 300 kW de potência instalada. Os equipamentos ficarão em estruturas flutuantes na barragem Rodolfo Costa e Silva, responsável por fornecer 75% da água que abastece o município de Santa Maria.

Outras companhias de saneamento que já investiram em sistemas fotovoltaicos são a Empresa de Saneamento Básico de Mato Grosso do Sul (SANESUL), a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e a Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb).

Os impactos positivos

No Brasil, o consumo de energia elétrica das atividades de saneamento aumentou 3,7% em 2021, em relação ao ano anterior, segundo números da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Essa elevação é um indicativo que merece atenção, dadas as projeções de continuidade no ciclo de alta de preço da energia, decorrente das bandeiras tarifárias, e a demanda por novos projetos de saneamento básico. O controle dos custos com energia será mais um ponto para avaliar a viabilidade econômica de novos projetos.

Segundo dados de mercado, sistemas fotovoltaicos têm potencial de gerar economia de mais de 80% nos custos com energia, em sistemas de baixa tensão. Com um retorno de investimento estimado em pouco mais de quatro anos, as placas solares têm durabilidade de mais de 25 anos, resultando em solução de médio e longo prazos.

Além dos impactos positivos no controle de custos, o investimento em energia solar contribui para a redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE). Segundo cálculos da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), para cada um gigawatt operacional, deixamos de emitir cerca de 406 mil toneladas de GEE em um ano, o que equivale ao plantio de mais de três milhões de árvores.

Os projetos listados nesse texto somam pouco mais de 220 MW; ou seja, o equivalente a 100 mil toneladas de GEE e o plantio de 88 mil árvores.

É possível fazer mais!