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Crianças com microcefalia por zika têm desenvolvimento neurológico heterogêneo

Estudo publicado na revista científica PLOS ONE, acompanhou 42 bebês com idade entre 24 e 40 meses nascidos com a síndrome congênita do zika. Desenvolvido em Salvador, na Bahia, o estudo mostrou que crianças com microcefalia causada pelo vírus zika têm desenvolvimento neurológico heterogêneo ao chegar nessa faixa etária.

Segundo o estudo científico, que teve o apoio da FAPESP ( Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), geralmente, as crianças com esta condição apresentaram paralisia cerebral em grau elevado (nível 5, o mais alto do Sistema de Classificação da Função Motora Grossa; pessoas nessa condição precisam de cadeira de rodas para se locomover) e graves atrasos de cognição, linguagem, motores e neurológicos, entre eles espasticidade bilateral – um distúrbio caracterizado por tensão, rigidez e incapacidade de controlar os músculos. Mas os pesquisadores também captaram uma heterogeneidade no desenvolvimento. Essa diferença pode ser constatada, por exemplo, na variação do grau de comprometimento da resposta da criança a estímulos externos.

O estudo também observou que um tamanho maior da cabeça do bebê (perímetro cefálico) estava associado a um maior nível cognitivo e motor. Na amostragem, as crianças tinham perímetro cefálico menor que 31,9 cm e 31,5 cm, respectivamente, para meninos e meninas. Essa é a medida padrão estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para identificar casos suspeitos de microcefalia.

No Brasil, a disseminação de casos da infecção e de síndrome congênita, entretanto, não foi uniforme. O epicentro foi nos estados da região Nordeste. Segundo boletim do Ministério da Saúde, entre 2015 e 2020, 3.423 bebês nasceram com síndrome congênita associada ao zika no Brasil.

Embora o pico da epidemia de zika vírus tenha acontecido entre outubro de 2015 e janeiro de 2016, os casos de microcefalia provocados pelo zika continuam sendo registrados no Brasil. Em 2020, foram notificados 1.007 casos, dos quais 35 haviam sido confirmados e 597 estavam em investigação até fevereiro deste ano, quando o ministério publicou o último boletim.


Fonte: Agência FAPESP