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Como algumas cidades despoluíram seus rios

O site da revista Exame elencou oito cidade estão despoluindo rios urbanos. Cartões-postais, como Paris e Londres investiram para tratar o esgoto e integrar os rios à vida econômica e social das cidades. O Sena, em Paris, foi degradado por conta da poluição industrial e o recebimento de esgoto doméstico durante anos. Desde a década de 1920, o rio é alvo de preocupações ambientais, mas apenas em 1960 o governo francês passou a investir na revitalização do local construindo estações de tratamento de esgoto. Como parte do processo de tratamento de esgoto, o governo criou leis que multam fábricas e empresas que despejarem substâncias nas águas. Além disso, há um incentivo entre 100 e 150 euros por hectare para que agricultores que vivem às margens do Sena não o poluam. Hoje já existem 30 espécies de peixes no rio.

O Tâmisa, em Londres, tem problemas de poluição há séculos. As águas deixaram de ser consideradas potáveis ainda em 1610, por conta da falta de saneamento básico da Inglaterra. Em 1858, no entanto, depois de reuniões parlamentares precisaram ser suspensas por conta do mau cheiro das águas, os governantes começaram a trabalhar para a resgatar a vida do rio apelidado como “Grande fedor”. Na época, os políticos usaram um sistema que coletava o esgoto e despejava os dejetos recolhidos no rio a uma certa distância abaixo da cidade, prática que não surtiu efeito. Apenas entre 1964 e 1984 foram criadas duas estações de tratamento de esgoto com investimentos de 200 milhões de libras. Quinze anos depois, um incinerador passou a dar destino aos sedimentos vindos do tratamento das águas, gerando energia para as duas estações. Hoje, dois barcos percorrem o Tâmisa durante a semana retirando 30 toneladas de lixo por dia.

Outro rio famoso que também passa por um processo de despoluição é o Tejo, em Portugal. A revitalização, concluída em 2012, custou cerca de 800 milhões de euros e incluiu obras de saneamento e renovação da rede de distribuição de águas e esgotos, beneficiando 3,6 milhões de habitantes. O maior rio da Europa ocidental começou a ser despoluído em 2000. Hoje, até golfinhos voltaram a saltar nas águas do rio europeu.

Com a eficiência conhecida dos asiáticos, os 5,8 km do rio Cheonggyecheon, na Coreia do Sul, foram totalmente revitalizados em apenas quatro anos. Em julho de 2003, o governo da cidade implodiu um enorme viaduto que ficava sobre o rio e começou, em paralelo, um grande projeto de nova política de transporte público, construindo parques lineares e ampliando a quantidade de áreas verdes nas ruas. Foram investidos 370 milhões de dólares nessa revitalização. Com as melhorias ambientais, a temperatura em Seul diminuiu 3,6°C. O rio Cheonggyecheon possui hoje cascatas, fontes, peixes e é ponto de encontro de crianças e jovens.

Também na Coreia do Sul, o Han, formado pela confluência dos rios Namhan e Bukhan, passa por Seul e se junta ao rio Imjin, com 514 km de extensão, sendo 320 navegáveis. O rio teve papel fundamental para o desenvolvimento da região, pois era fonte para a agricultura e o comércio, além de ajudar na atividade industrial e na geração de energia elétrica. Com a Segunda Guerra Mundial, no entanto, o lugar passou a receber esgoto em suas águas. Em 1998, com o plano de Desenvolvimento e Implementação de Gestão da Qualidade da Água, o local mudou o seu destino. Com a revitalização do rio Cheonggyecheon, o Han também passou por mudanças e está limpo, e abriga algumas espécies de peixe. Para o futuro está prevista a construção de 12 parques nas redondezas.

O Reno, que corta vários países europeus, nasce nos Alpes Suíços e recebeu dejetos de zonas industriais. Um dos principais casos de contaminação aconteceu em 1986, quando 20 toneladas de substâncias altamente tóxicas foram despejadas na água por uma empresa suíça. Em 1987, os governos das cidades banhadas pelo rio criaram o Programa de Ação para o Reno, investindo mais de 15 bilhões de dólares em sua recuperação, que contou com a construção de estações de tratamento de água monitorado. O resultado são 95% dos esgotos das empresas tratados e 63 espécies de peixes vivendo no rio.

O Rio Cuyahoga, localizado em Ohio, Estados Unidos, com 160 km de extensão, recebia todo o esgoto residencial da região entre Akron e Cleveland. Para piorar a situação, em junho de 1969, uma mancha de óleo e outros produtos químicos foram despejados no rio. Preocupados com a situação, os políticos de Ohio assinaram, em 1970, o Ato Nacional de Proteção Ambiental, que possibilitou a criação do Ato Água Limpa, estipulando que todos os rios do país deveriam ser apropriados para a vida aquática e para o lazer humano. Hoje, o rio é parte fundamental do ecossistema da região.

A capital dinamarquesa, considerada referência em assuntos ligados ao meio ambiente, teve um passado de que não podia se orgulhar. Os dutos e ligações que levavam a água da chuva para os rios e canais, muitas vezes se misturavam à rede de esgoto, transportando os dejetos para as águas. Além disso, boa parte do lixo industrial das empresas ao redor eram despejados diretamente no rio. Em 1991, no entanto, surgiu o plano de despoluição das águas e a remoção da área industrial no entorno, além da reconstrução das galerias pluviais e o remanejamento dos reservatórios de água para pontos estratégicos da cidade. A rede de esgotos também foi melhorada e o lixo passou a ser reciclado.

Fonte: Portal Envolverde – publicado em 13/12/2013